quinta-feira, 3 de julho de 2008

pela primeira vez publicando uma crônica.

Foi quando ela percebeu que estava sozinha, e por um momento, quase nem respirou...

A promessa de nunca mais sofrer por amor parecia não fazer sentido algum diante do fato, agora real, de não ter mais pra quem contar que cortou o dedo, que sentiu frio à noite, que esqueceu de ir aos correios ou que precisa muito de óculos novos. Mais uma vez percebeu como faz falta compartilhar as minúcias da rotina, isso tentando esquecer de como faz falta ter alguém pra andar de mãos dadas, rirem juntos, expor desejos, dar e receber carinho e se entorpecer com beijos e olhares sinceros. O mal-estar foi inevitável, porém a sensação não era igual a da última vez. Ela sentiu que precisava ficar só, mas não entendeu como seria possível. Como alguém quer ficar só? Parece até invenção de poeta, que diz querer ficar sozinho pra observar o mundo e os sentimentos de fora, como mero expectador.

Foi preciso não mais que um dia pra vida mudar de rumo e tudo que era certeza, desmoronasse. Em 24 horas ela desapaixonou, decidiu que ficaria sozinha, e se apaixonou novamente. Mas que contradição, esse coração que não sabe o que quer sentir... Porque não dá uma trégua, não deixa os sentimentos estáveis ao menos por um tempo? Pra que tanta agonia? Insiste em ser um impulso desgovernado, não sossega, não sabe ser expectador.

Naquele mesmo dia, à noite, ele apareceu com aquele sorriso, já tão bem conhecido por ela, e acompanhado do melhor abraço. Um abraço cujos corpos se aproximam por magnetismo, emana energia, troca calor pele a pele, pêlo a pêlo, os cheiros se misturam, os olhos se fecham e os segundos parecem horas. As palavras, naquele momento, pareciam uma sinfonia desafinada, ora lenta ora acelerada. Ela, sem acreditar na reação do seu coração, tentava falar, mas não conseguia controlar os lábios que balbuciavam bobagens sem sentido algum. E sem controlar ela se entregou a um sentimento que não era mais a tristeza da separação nem a vontade de estar só... Entregou-se ao menos pensado romance da sua vida.

Ah, se não fosse aquele abraço... Como pode segundos parecer horas? E como pode uma semana parecer séculos e horas, ao mesmo tempo? A intensidade dos encontros era tal, que mais pareciam velhos conhecidos... Mas passaram tão rápido que os dois nem conseguiram digerir tudo o que estava acontecendo.

E chegou a hora. Ele partiu. E com ela, ficou esse vazio... Que não é a tristeza da separação, nem a vontade de estar só, nem a dor de uma nova separação... É só saudade. Saudade do que pareceu um sonho...


Mais uma vez, ela quase nem respira... Saudade sufoca? E vai voltar a sonhar...

Um comentário:

joanafpires disse...

que coisa né?!
a vida chacoalha a gente.