segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Sobre o sopro que senti

Aquele assovio chegado com um sopro leve ao seu coração era o sinal que tanto esperava. O presságio da tua chegada na sua vida.

E como foi esperado.

Há quanto tempo estava sentada nas margens desse rio? Perdeu a noção de hora, mês, ano, eternidade. A cada pôr-do-sol voltava pra casa sem seu, (o teu) amor.

Algo naquele rio a fazia acreditar que tu ias chegar... Talvez a forma como os peixes circulavam seus pés, transmitindo a paz e a certeza de um amor outra vez. Como quis te conhecer, saber como brilhavam teus olhos, conhecer teus sonhos.

Deitava às margens e desenhando nuvens nas águas, imaginava como seria teu toque, e um riso despontava no canto da boca quando pensava em como poderia ser o gosto do teu beijo.

E finalmente naquele fim de tarde tu chegastes, sentastes ao lado dela achando graça dos peixes que carregava nas pontas dos dedos. E a imagem do teu sorriso refletido na água era o que ela tanto esperava. E ela sabia que não precisaria mais voltar àquele rio, te deu a mão e finalmente ouviu o assovio invadindo seu peito.

Agora ela sabia... chegara a hora de amar outra vez.

sábado, 5 de julho de 2008

melancolia

Uma saudade que vem com teu cheiro,
assim,
no meio de uma tarde de sábado.
Enquanto todos riem
eu calo,
e a tal saudade toma conta de mim.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Momento Quintana


só porque eu amooo:

"Bilhete

Se tu me amas,
ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres, enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda..."

(Mário Quintana)


ai, queria mário quintana pra mim... tããão liiindo! chega dá uma afliçãozinha boa de ler as coisinhas dele!

relembrando...

Moinho

Vou cuidar da criança que tenho em mim
que gosta de circo, de riso, de flor, borboleta, botão
pula corda, roda a saia, pisa na lama, ensaia teatro
lembra da avó, faz enterro de passarinho, sobe no pé de tamarindo

Cuidar com carinho
Com afeto e respeito
Já que só ela me faz lembra de esquecer

Esquecer que devo, que temo, que choro, que não posso
Que deveria, poderia, ganharia, melhoraria
Que preciso, necessito, erro e não aprendo

Vou abraçá-la contra meu peito
guardar bem sua fisionomia, seu cheiro
decorar seus gostos e amores
pra nunca mais me perder de mim.

(em 13.10.2007)

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Compasso

Só peço a rotina do teu sorriso
escutar como foi teu dia, ao vivo
Conhecer teu cheiro no corredor
Sentir tua mão, preciso.

Preciso.

Beijar teu olho e desejar boa noite
te abraçar do meu jeito
me sentir segura
por estar ao teu lado, simplesmente.

Mas penso.

Penso porque me castro de viver o real
e me distancio do mundo com meus sonhos
de que vou estar contigo
sonhando, criando, imaginando

Meus desejos são sonhos,
eu quero realidade.
Quero e preciso.

Preciso.
pela primeira vez publicando uma crônica.

Foi quando ela percebeu que estava sozinha, e por um momento, quase nem respirou...

A promessa de nunca mais sofrer por amor parecia não fazer sentido algum diante do fato, agora real, de não ter mais pra quem contar que cortou o dedo, que sentiu frio à noite, que esqueceu de ir aos correios ou que precisa muito de óculos novos. Mais uma vez percebeu como faz falta compartilhar as minúcias da rotina, isso tentando esquecer de como faz falta ter alguém pra andar de mãos dadas, rirem juntos, expor desejos, dar e receber carinho e se entorpecer com beijos e olhares sinceros. O mal-estar foi inevitável, porém a sensação não era igual a da última vez. Ela sentiu que precisava ficar só, mas não entendeu como seria possível. Como alguém quer ficar só? Parece até invenção de poeta, que diz querer ficar sozinho pra observar o mundo e os sentimentos de fora, como mero expectador.

Foi preciso não mais que um dia pra vida mudar de rumo e tudo que era certeza, desmoronasse. Em 24 horas ela desapaixonou, decidiu que ficaria sozinha, e se apaixonou novamente. Mas que contradição, esse coração que não sabe o que quer sentir... Porque não dá uma trégua, não deixa os sentimentos estáveis ao menos por um tempo? Pra que tanta agonia? Insiste em ser um impulso desgovernado, não sossega, não sabe ser expectador.

Naquele mesmo dia, à noite, ele apareceu com aquele sorriso, já tão bem conhecido por ela, e acompanhado do melhor abraço. Um abraço cujos corpos se aproximam por magnetismo, emana energia, troca calor pele a pele, pêlo a pêlo, os cheiros se misturam, os olhos se fecham e os segundos parecem horas. As palavras, naquele momento, pareciam uma sinfonia desafinada, ora lenta ora acelerada. Ela, sem acreditar na reação do seu coração, tentava falar, mas não conseguia controlar os lábios que balbuciavam bobagens sem sentido algum. E sem controlar ela se entregou a um sentimento que não era mais a tristeza da separação nem a vontade de estar só... Entregou-se ao menos pensado romance da sua vida.

Ah, se não fosse aquele abraço... Como pode segundos parecer horas? E como pode uma semana parecer séculos e horas, ao mesmo tempo? A intensidade dos encontros era tal, que mais pareciam velhos conhecidos... Mas passaram tão rápido que os dois nem conseguiram digerir tudo o que estava acontecendo.

E chegou a hora. Ele partiu. E com ela, ficou esse vazio... Que não é a tristeza da separação, nem a vontade de estar só, nem a dor de uma nova separação... É só saudade. Saudade do que pareceu um sonho...


Mais uma vez, ela quase nem respira... Saudade sufoca? E vai voltar a sonhar...